sábado, 15 de fevereiro de 2014

Uso da terra no país está mais eficiente, porém excludente

GIULIANA MIRANDA

DE SÃO PAULOUm dos mais abrangentes estudos já feitos sobre o uso da terra no Brasil indicou um descolamento, sobretudo na Amazônia, entre a alta do desmatamento e o crescimento da produção agropecuária.
"Ao analisarmos as duas últimas décadas está claro. Em 1995, a expansão na agricultura coincidiu com uma alta significativa no desmatamento. Em 2004 e 2005, com o pico da pecuária bovina, ocorreu a mesma coisa. A partir daí, no entanto, observamos que tem havido uma separação maior nesses eventos", diz David Lapola, professor da Unesp em Rio Claro e autor principal do estudo.
Embora essa mudança já tenha sido bastante positiva, a relação dos produtores com o meio ambiente ainda está longe de ser a ideal, diz o estudo, que analisou mais de uma centena de trabalhos e foi capa da revista "Nature Climate Change".
"Não foi só boa vontade do setor produtivo. Houve uma intensificação da fiscalização, que foi acompanhada de outras ações na Amazônia", explica Lapola.
Nos outros biomas, que não recebem a mesma atenção dispensada à fiscalização da Amazônia, foi em boa medida o próprio setor produtivo o responsável pela mudança. "Mercados do exterior, especialmente a Europa, também estão mais exigentes quanto à origem", afirma o cientista.
Mais produtiva, a agropecuária no Brasil também está cada vez mais excludente.
Questão antiga no país, a concentração de terra para a monocultura para a exportação está cada vez mais intensa, empurrando mais e mais pessoas para áreas urbanas já saturadas, intensificando problemas sociais.
As grandes propriedades, com mais de mil hectares são somente 1% das fazendas brasileiras, mas representam cerca de 50% das terras agrícolas do país.
Além de apontar problemas, o trabalho sugere soluções, como intensificação das práticas de manejo, criação de políticas públicas e também o pagamento por serviços florestais. 

site Folha de S. Paulo

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Uma lei para salvar o planeta


  • EUA debatem iniciativa histórica, que forçaria o corte nas emissões de gases-estufa por usinas a carvão

Fumaça sai de chaminés de usina a carvão no estado americano do Kansas: govero Barack Obama pretende aprovar regulamentação que vai forçar geradoras de energia a cortarem suas emissões de gases-estufa
Foto: Charlie Riedel / AP/Charlie Riedel
Fumaça sai de chaminés de usina a carvão no estado americano do Kansas: govero Barack Obama pretende aprovar regulamentação que vai forçar geradoras de energia a cortarem suas emissões de gases-estufa Charlie Riedel / AP/Charlie Riedel
WASHINGTON - Enfrentando maratonas de reuniões, dezenas de advogados, economistas e engenheiros da Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA, na sigla em inglês) lutam para criar o que pode vir a se tornar uma peça histórica no legado do presidente Barack Obama para o combate às mudanças climáticas. Se os autores forem bem sucedidos na elaboração de uma regulamentação forte e eficaz na determinação de cortes de emissões de carbono em 1.500 usinas a carvão americanas - a maior fonte de gases do efeito estufa do país -, o resultado pode ser a mais significativa ação já tomada pelos EUA no combate às mudanças climáticas. O país é um dos maiores responsáveis pelo aquecimento global.
Se a regulamentação for muito frouxa, o impacto ambiental pode ser mínimo. Mas, se for muito dura, pode levar ao fechamento de usinas antes que haja alternativas energéticas para substituí-las, o que poderia ocasionar blecautes de energia e anos de batalhas legais.
- O fracasso não é uma opção - afirmou o diretor-executivo da Associação Nacional de Limpeza, William Becker.
Em seu pronunciamento “Estado da União”, Obama deixou clara a intenção de usar sua autoridade - garantida pela Lei do Ar Limpo e por uma decisão de 2007 da Suprema Corte - para sancionar as novas regulamentações de redução das emissões de CO2. Ele está pressionando a agência a concluir os debates o mais rápido possível.
O presidente ordenou à EPA que apresente um rascunho da regulamentação já em 1º de junho. A nova lei deve orientar os estados a criar e executar planos para atender às metas nacionais para emissões de gases-estufa. Em princípio, as usinas poderiam não apenas cortar emissões, mas, por exemplo, usar tecnologias mais limpas, investir em fontes renováveis de energia e ainda fazer parte de um mercado de carbono - financiando, por exemplo, projetos em outros países.
Num primeiro momento, a nova lei atingiria as 600 usinas dos EUA que são movidas a carvão e pode, simplesmente, levá-las ao fechamento, dependendo de como a legislação for escrita. Estados em que a maior parte das usinas é movida a carvão estão fazendo um lobby pesado contra determinações mais radicais, alegando que ela pode levar ao colapso do fornecimento de energia.
Em geral, o carvão responde por 40% da energia elétrica produzida nos EUA. Mas em estados como Kentucky, Ohio e Missouri, o percentual vai de 80% a 90%. Por outro lado, se a legislação deixar muita abertura para cada estado decidir por si, corre o risco de não conseguir alcançar meta alguma e se tornar ineficaz.
site O Globo

domingo, 9 de fevereiro de 2014

CNA vai estudar texto da Farm Bill para avaliar impactos econômicos Nova lei agrícola dos EUA amplia gastos do governo com as políticas de seguro agrícola

Site globo rural
A área técnica da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) pretende se debruçar sobre o texto de 950 páginas da nova Lei Agrícola (Farm Bill) dos Estados Unidos, para avaliar os impactos econômicos para o agronegócio brasileiro. O documento, já aprovado pelo Congresso, deve ser sancionado pelo presidente Barack Obama nos próximos dias.
Segundo a CNA, uma primeira avaliação é que o impacto econômico da nova lei para a agricultura brasileira é neutro a curto prazo. "Só será possível avaliar o impacto em termos de mercado quando e se os preços internacionais estiverem num nível mais baixo", informa a presidente da CNA, senadora Kátia Abreu, em comunicado.
A mudança mais relevante introduzida pelos congressistas foi o fim dos pagamentos diretos aos produtores rurais norte-americanos. Os recursos eram transferidos de acordo com o tamanho das propriedades rurais e independentemente da produção corrente. Os pagamentos anti-cíclicos também foram eliminados.
Agora, não podendo mais contar com esses recursos, um dos principais mecanismos disponíveis aos produtores é o de seguro agrícola. No caso do algodão, a lei estabelece um programa específico que protege de 70% a 90% da renda estimada e mais 20% em cima da rentabilidade média da região do produtor.
Enquanto no Brasil, o governo paga até 70% do valor do prêmio do seguro agrícola, o estado americano pagará 80% do valor do prêmio, além de todos os custos administrativos, barateando, assim, o preço da apólice para o produtor, informa a CNA.
A nova lei agrícola dos Estados Unidos amplia, portanto, os gastos governamentais com as políticas de seguro, seguindo a tendência dos últimos anos. De 2003 a 2012, essas despesas subiram de US$ 3 bilhões para US$ 13,5 bilhões, muito acima do nível do Brasil. Em 2012, o governo brasileiro desembolsou R$ 318,2 milhões (US$ 132,6 milhões) para os produtores rurais.
Apesar de avaliar como neutro o impacto econômico da nova lei, Kátia Abreu observa que há pendências em relação às determinações da OMC no contencioso do algodão. Alguns programas condenados pelo órgão de solução de controvérsias foram eliminados mas, no caso das garantias para o crédito à exportação, houve uma modificação modesta. O prazo do contrato foi reduzido de três para dois anos, superior aos 16 meses acordados pelos países em 2010.
Estão mantidos, ainda, mecanismos de sustentação de preço (marketing loans). Outro tema pendente, no que se refere ao algodão, envolve o rompimento unilateral, por parte dos Estados Unidos, do Acordo-Quadro assinado em 2010 como solução temporária para evitar a retaliação por parte do Brasil.

Lei de Agricultura -EUA -Farm Bill

Farm Bill

MPF quer suspender agrotóxico com Benzoato de Emamectina em Mato Grosso

Site agrolink

 
MPF quer suspender agrotóxico com Benzoato de Emamectina em Mato Grosso
24/01/14 
O Ministério Público Federal de Mato Grosso recomendou ao Instituto de Defesa Agropecuária (Indea) que não autorize a importação e a aplicação de agrotóxicos que contenham o ingrediente Benzoato de Emamectina para ser usado no combate à lagarta Helicoverpa armigera. A praga tem atacado diversas lavouras de soja, milho e algodão do Brasil.

Em função dos prejuízos, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) decretou novo estado de emergência fitossanitária em 99 municípios mato-grossenses neste mês de janeiro.

Com o decreto, o uso de agrotóxicos que contém a substância Benzoato de Emamectina, proibida no Brasil, foi liberado.

Porém, Ministério Público Federal (MPF) sustenta que o produto é extremamente tóxico ao organismo humano podendo resultar em malformações em fetos. Por esse motivo, a legislação nacional impede o registro do agrotóxico para a comercialização no Brasil, bem como sua aplicação no caso de emergência fitossanitária. A posição é embasada em cima de estudos realizados no Exterior.

Conforme a recomendação do procurador da República Felipe Bogado ao Indea, a importação e aplicação de agrotóxicos que possuam o Benzoato de Emamectina não podem ser liberados.

“Os estudos científicos comprovam que essa substância é extremamente tóxica ao organismo do ser humano e por ser uma ação extremamente agressiva, o uso de agrotóxicos não pode ser considerado o único modo para impedir a proliferação de pragas, pois existem inúmeras outras medidas que podem ser adotadas”, disse.

Entre as medidas para o controle da Helicoverpa armigera estão: o uso de cultivares que restrinjam ou eliminem as populações da praga; vazio sanitário para deixar a terra sem cultivo com períodos livres de hospedeiros; o uso de armadilhas, iscas ou outros métodos de controle físico; além de práticas culturais, como rotação de culturas.

A recomendação do MPF foi encaminhada nesta quarta-feira (22.01). O Indea tem 15 dias para responder se irá acatar a recomendação.

Benzoato de Emamectina já foi proibido em outros estados do Brasil

No Paraná e em Mato Grosso do Sul, as agências de defesa agropecuária atenderam a recomendações do MPF e não autorizaram a importação de agrotóxicos à base do Benzoato de Emamectina, dada a inexistência de registro no Brasil.  

Na Bahia, uma ação proposta pelo Ministério Público Estadual obteve uma decisão judicial proibindo a autorização para a importação e uso de agrotóxicos com Benzoato de Emamectina.

Agrolink
Autor: Lucas Rivas

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Programa de Pós-graduação da ENBT recebe conceito 5 da Capes

O conceito 5 foi obtido pela Escola Nacional de Botânica Tropical (ENBT/JBRJ) na última Avaliação Trienal dos cursos de pós-graduação stricto sensu feita pela Capes. Os resultados foram divulgados em 10/12. Essa conquista contribui para consolidar ainda mais a ENBT como uma importante Instituição de Ensino Superior. "Com a nota 5 temos a possibilidade de obter mais bolsas e mais recursos", explicou a diretora Neusa Tamayo. A meta agora é alcançar a nota 6 na próxima avaliação. 
 
A ENBT foi criada em 2001 e seu quadro atual é de 22 docentes, formados principalmente por pesquisadores do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ). As áreas de concentração do Programa estão voltadas para o conhecimento da Diversidade Vegetal e Ecologia de Ecossistemas Neotropicais.
 
A avaliação de pós-graduações é realizada pela Capes desde 1976, em um sistema conduzido por comissões de consultores vinculados a instituições das diferentes regiões do país.
 

Livro Vermelho da Flora do Brasil aponta espécies de plantas ameaçadas de extinção


Lançado pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro em 3 de dezembro, o Livro Vermelho da Flora do Brasil reúne avaliações de risco de espécies de plantas brasileiras que já constavam em diferentes listas oficiais de ameaçadas, e aponta que, destas, 2118 estão ameaçadas de extinção. Os estudos reunidos em 1.100 páginas subsidiarão a confecção da Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção, a cargo do Ministério do Meio Ambiente.
 
A elaboração do Livro Vermelho foi coordenada pelo Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora/JBRJ) e contou com a colaboração de uma rede de mais de 200 especialistas do Brasil e do exterior. Os organizadores são Gustavo Martinelli e Miguel Avila Moraes. 
 
A publicação visa municiar os tomadores de decisão com informações científicas, para que possam estabelecer prioridades de ação para a conservação de plantas. Também será útil, entre outras coisas, para direcionar pesquisas científicas que venham preencher lacunas de conhecimento importantes sobre a flora brasileira.

Seca reduz capacidade da Amazônia de absorver CO2


  • Mudança no regime de chuvas pode fazer bioma liberar mais gases de efeito estufa


Rio serpenteia a floresta; estiagens reduzem significativamente o armazanemento de gases-estufa
Foto: Divulgação/Luciana Gatti/Ipem
Rio serpenteia a floresta; estiagens reduzem significativamente o armazanemento de gases-estufa Divulgação/Luciana Gatti/Ipem
RIO - A absorção de gases-estufa, um dos maiores papéis desempenhados pela Amazônia, é mais influenciada pelas chuvas do que pela temperatura. Esta é a conclusão de um levantamento liderado pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) e por universidades americanas e inglesas. A crescente alteração no regime de precipitações pode fazer com que o bioma libere mais CO2 do que consegue absorver.
As instituições realizaram medições aéreas e terrestres de CO2, uma forma de registrar a presença do gás na Amazônia. O estudo, publicado na edição de hoje da revista “Nature”, foi conduzido em 2010, um ano extraordinariamente seco na floresta, e em 2011, quando o volume de chuvas foi muito acima da média dos últimos 30 anos.
Em 2010, mais de 60 mil queimadas foram registradas no bioma. A falta de chuvas inibiu a capacidade das plantas de realizar fotossíntese, um processo que absorve carbono. Durante este período de mortalidade das plantas, o bioma absorveu apenas 30 milhões de toneladas de CO2.
No ano seguinte, o volume de chuvas aumentou consideravelmente e recuperou a vegetação. Desta forma, a Amazônia absorveu cerca de 250 milhões de toneladas de CO2 — um índice muito superior ao de 2010. As queimadas, no entanto, provocaram a emissão de 300 milhões de toneladas do gás.
Pesquisadora do Ipen e principal autora do estudo, Luciana Gatti avalia que o impacto das condições climáticas sobre a Amazônia precisa ser estudado por mais tempo.
— Não sabemos se o comportamento normal da floresta seria mais próximo ao que vimos em 2010 ou ao observado em 2011 — reconhece. — Precisamos conferir como seria a absorção de CO2 em dois anos consecutivos com as mesmas características, ou seja, ambos muito secos ou muito úmidos. Para isso, vamos continuar a análise por mais dez anos.
Para Luciana, um ano chuvoso como 2011 seria o ideal para o bioma, por aumentar sua capacidade de atuar como sumidouro de gases-estufa.
Coautor do estudo, Emmanuel Gloor destaca que a Amazônia passa pelo mesmo processo de aquecimento registrado no resto do mundo.
— Há, também, um aumento de secas e de chuvas intensas — lembra Gloor, professor do Departamento de Geografia da Universidade de Leeds, no Reino Unido. — Não sabemos como a Amazônia mudará no futuro, mas pela primeira vez observamos como a absorção de carbono pode variar de um ano seco para outro chuvoso. Este é um indício das mudanças climáticas que poderemos esperar para aquela região.
Segundo um estudo publicado pela “Science” em 2011, a estiagem do ano anterior mostrou que 78% dos incêndios na floresta ocorreram em regiões com precipitação abaixo do normal. Antes, em 2005, uma megatempestade teria derrubado até 663 milhões de árvores na região, mais um indício da vulnerabilidade da Amazônia às mudanças climáticas, de acordo com um levantamento da “Geophysical University Letters”.
A nova pesquisa foi apoiada pela Fapesp e pela Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (Noaa) e contou também com a participação de cientistas das universidades de Oxford (Reino Unido) e do Colorado (EUA).
site do jornal O Globo