O mercado do couro movimenta, só no Rio Grande do Sul, cerca de R$ 2 bilhões por ano. Se por um lado o negócio do couro traz vantagens para criador e indústria, por outro é um problema para o meio ambiente. Todos os anos, a indústria produz 180 mil toneladas de resíduos. Agora, o produto pode ser transformado em adubo.
Em contato com a chuva, por exemplo, o couro produz o chamado chorume, um líquido tóxico que pode contaminar o solo. Em outubro de 2006, um vazamento desse líquido atingiu o Rio dos Sinos e provocou a mortandade de 86 toneladas de peixe. Foi pensando em evitar desastres como esse que uma empresa italiana instalou naquela região uma unidade para transformar o lixo em adubo natural.
Os restos de couro que chegam das empresas são colocados dentro de um reator e fervidos a uma temperatura de 300 graus, num processo conhecido como hidrólise térmica.
A hidrólise serve para quebrar as moléculas do couro. Depois de uma hora e 40 minutos, o lixo industrial se transforma em uma gelatina orgânica com alta concentração de nitrogênio. O próximo passo é colocar o material no secador a uma temperatura de 500 graus. A alta temperatura retira a água contida na gelatina e a transforma em pequenos grãos, já em forma de adubo. Ele sai pela esteira pronto para ser utilizado.
Meio ambiente
“A gente tem a transformação daquilo que seria um problema ambiental em um produto utilizado pela agricultura com a vantagem de transformar o material eliminando o passivo ambiental para a fonte geradora”, disse Viviane Diogo, diretora industrial.
A adoção das técnicas pode resolver um problema histórico da fabricação do couro. “Até então 145 mil toneladas de resíduos de couro eram enterrados, postos debaixo da terra, criando um passivo ambiental inimaginável para gerações futuras”, falou Torvaldo Marzolla Filho, presidente do Sindicato da Indústria de Adubo do Rio Grande do Sul.
O adubo resultante da utilização do resíduo do couro será todo exportado para 27 países. No Brasil o produto não tem autorização para ser comercializado. “No Brasil não existe um registro desse produto", esclareceu Viviane.
A expectativa da indústria é que o adubo feito à base de couro seja liberado para uso no Brasil num prazo de dois anos.
retirado do site g1.globo.com
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